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[ASCO 2014] Segunda-feira (02/06) – Câncer de Pulmão
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REVEL: um estudo randomizado, duplo-cego, fase III estudo de docetaxel e ramucirumabe (RAM; IMC-1121B) versus docetaxel e placebo na segunda-linha de tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas estádio IV
A adição do ramucirumabe, um inibidor de VEGFR-2 (Cyramza) à terapia padrão com docetaxel, em segunda linha, mostrou aumento de sobrevida global (SG) em 1,4 meses versus docetaxel em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado, de acordo com dados do presente estudo de fase III, REVEL trial, apresentado na ASCO 2014.
O REVEL trial foi um estudo de fase III, duplo-cego, que envolveu 1.253 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas de células escamosas (26,2%) e de células não escamosas (73,8 %), no estádio IV (índice de desempenho ECOG ≤ 1). Os pacientes foram entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2013. Todos eles tiveram progressão da doença durante ou após o tratamento com uma quimioterapia (QT) baseada em platina, com ou sem terapia de manutenção. O tratamento com bevacizumabe era permitido previamente.
Em uma randomização 1:1, os doentes foram distribuídos para receber 75 mg/m² de docetaxel combinado com 10 mg/kg de ramucirumabe (n=628) ou placebo (n=625), no D1 de um ciclo de 3 semanas. O tratamento foi administrado até à progressão da doença ou toxicidade inaceitável. As características dos pacientes ficaram equilibradas entre os grupos de tratamento. A SG foi objetivo primário e, como endpoints secundários, tivemos a sobrevida livre de progressão (SLP) e a taxa de resposta global.
O estudo atingiu o seu endpoint primário com a SG mediana de 10,5 meses no braço ramucirumabe versus 9,1 meses no grupo placebo (HR=0,857; IC de 95%: 0,751-0,98; p=0,0235). O benefício foi mantido na maioria dos subgrupos de pacientes, incluindo histologias escamosas e não escamosas.
A SLP mediana foi de 4,5 meses com a combinação ramucirumabe versus 3 meses em pacientes que receberam docetaxel sozinho (HR=0,762; p<0,0001). A taxa de resposta global foi de 22,9% e 13,6 %, respectivamente (p<0,001).
Os eventos adversos Grau ≥ 3 ocorreram em mais de 5% dos pacientes no braço ramucirumabe, sendo neutropenia (34,9 versus 28% com docetaxel), neutropenia febril (15,9 versus 10 %), fadiga (11,3 versus 8,1%), leucopenia (8,5 versus 7,6%), hipertensão (5,4 versus 1,9%) e pneumonia (5,1 versus 5,8%).
A porcentagem de mortes associadas a eventos adversos foi compara entre os dois grupos (5,4 versus 5,8%). O número de ocorrências de hemorragia pulmonar também foi semelhante: 2,1 versus 1,6%; entre todos os pacientes e 3,8 versus 2,4%; em pacientes com histologia escamosa.
Sem dúvidas é grande a motivação de, a cada dia, ver-se progressos importantes no tratamento de câncer de pulmão e essa droga se torna mais uma arma no arsenal para o tratamento de segunda linha de pacientes em estádio IV.
Talvez, a importância agora seria analisar e descobrir a possibilidade de existência de um biomarcador para melhor selecionar os pacientes que podem ter o maior benefício no tratamento com uso de anti-angiogênicos.
Sabemos que o ramucirumabe está atualmente aprovado pela FDA para o tratamento de pacientes com câncer gástrico, do tipo adenocarcinoma ou da junção esofago-gástrico com a progressão de doença durante ou após o tratamento prévio com fluoropirimidina e QT com platina. A droga foi também examinada em câncer de mama metastático HER-2 negativo, porém não conseguiu atrasar a progressão da doença em um estudo de fase III.
O estudo REVEL é o primeiro estudo em aproximadamente uma década demonstrando melhora de SG para pacientes tratados no ambiente de segunda linha para o câncer de pulmão de células não pequenas avançado. Se aprovado, o ramucirumabe se tornará o primeiro agente anti-angiogênicos nesse cenário.
Referências:
Maurice Perol, Tudor-Eliade Ciuleanu, Oscar Arrieta, et al. REVEL: A randomized, double-blind, phase III study of docetaxel (DOC) and ramucirumab (RAM; IMC-1121B) versus DOC and placebo (PL) in the second-line treatment of stage IV non-small cell lung cancer (NSCLC) following disease progression after one prior platinum-based therapy. J Clin Oncol 32 (suppl):abstr LBA8006^, 2014.
EQUIPE MOC NA ASCO