Continue sua leitura
Bloqueio da tirosina quinase de Bruton com ibrutinibe em linfoma de células do manto recidivado ou refratário
Resposta impressiva como agente único
As opções terapêuticas para pacientes com linfoma das células do manto recidivado/refratário são limitadas. Opções quimioterápicas nesse cenário incluem a bendamustina ou fludarabina geralmente associados ao rituximabe. Dentre as terapias biológicas estão o bortezomibe e a lenalidomida que podem ser também associados ao rituximabe. A tendência na sucessão de terapias de salvamento no linfoma das células do manto é de que o tempo livre de progressão seja cada vez menor em relação ao tratamento anterior. Com isso, após alguns anos o beneficio desta modalidade de tratamento torna-se limitado.
Em edição recente do New England Journal of Medicine, 111 pacientes com linfoma de células do manto recidivado/refratário receberam ibrutinibe, um inibidor da tirosina quinase de Bruton, na dose de 560 mg, via oral, uma vez ao dia. A taxa de resposta global nessa coorte foi de 68%, sendo completa em 21% dos casos. A mediana livre de progressão foi de 14 meses, mais especificamente 7 meses naqueles que receberam terapia previa com bortezomibe e 17 meses nos que não receberam. A sobrevida em 18 meses foi de 58%, sendo a sobrevida mediana não atingida até o momento do reporte. No geral, o ibrutinibe foi bem tolerado, sendo os efeitos adversos mais comuns diarreia, fadiga, náusea, edema (todos na maioria grau I/II) e citopenias (entre 10-15%).
Esses resultados com ibrutinibe como agente único no cenário recidivado/refratário são impressionantes, com taxas de resposta e sobrevida que rivalizam esquemas complexos de alta citotoxicidade como Hyper-CVAD, ICE ou ESHAP. Essa nova classe de drogas vem apresentando resultados sem precedentes em doenças linfoproliferativas. O ibrutinibe tem ação sobre a tirosina quinase de Bruton que faz parte da via de sinalização do receptor do linfócito B e encontra-se altamente ativada em doenças linfoproliferativas. O bloqueio desse alvo tem mostrado alta atividade em linfomas de baixo grau, incluindo linfoma das células do manto e leucemia linfocítica crônica. Agentes dessa classe têm recebido especial atenção pelo FDA e devem ser rapidamente incorporados ao arsenal terapêutico nessas doenças.
Wang ML, Rule S, Martin P, et al. Targeting BTK with ibrutinibe in relapsed or refractory mantle-cell lymphoma. N Engl J Med 2013;369:507-16.
Phillip Scheinberg
(Chefe da Hematologia do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, Editor do MOC-Hemato).
Álvaro Alencar
(Membro Titular do Serviço de Leucemia, Linfoma e Transplante de Medula Óssea do Memorial Cancer Institute em Hollywood, na Flórida, Editor do MOC-Hemato).
18/09/2013